O Fundo Monetário Internacional (FMI) emitiu esta quinta-feira um alerta de que o mundo pode estar à beira de uma nova recessão dois anos depois do forte impacto da Covid-19 nos mercados.
Ainda com o impacto da pandemia por resolver, as ondas de choque da invasão russa na Ucrânia revelam-se agora o principal travão e o motivo que leva o FMI a rever em baixa as previsões do crescimento económico nos três principais motores mundiais, a China, os Estados Unidos e a União Europeia, e, por arrasto, no resto do mundo.
O economista-chefe do FMI antecipa “uma perspetiva sombria e incerta” que reduz as previsões de crescimento anunciadas em abril de 3,6% para este ano e para o próximo, depois de em janeiro, antes da invasão russa da Ucrânia, ter apontado a crescimentos de 4,4% para 2022 e 3,8% para 2023.
“O crescimento da produção global foi revista em baixa para 3,2% este ano e para 2,9% no próximo ano, enquanto a previsão da inflação foi agravada para 6,6% nas economias mais avançadas e para 9,5% nas economias emergentes e em desenvolvimento. As três maiores economias do mundo, Estados Unidos, China e União Europeia, estagnaram”, afirmou Pierre-Olivier Gourinchas.
O economista-chefe do FMI disse que “a perspetiva ficou mais sombria desde abril”, com o agravar da invasão russa na Ucrânia e alertou que “o mundo pode vir ficar à beira de uma recessão global apenas dois anos depois da última”, na altura provocada pela Covid-19.
Também a servir de aviso para um futuro pessimista a curto-médio prazo, a revisão da inflação pelo FMI denota um agravamento de 0,9 para este ano e de 0,8 para 2023.
A invasão da Ucrânia a 24 de fevereiro pelas forças afetas ao Kremlin motivou uma união do ocidente contra a Rússia.
Às sanções à Rússia, que se têm avolumado semana após semanas, somou-se o bloqueio pela guerra das exportações dos cereais ucranianos e russos, que compõem uma importante fatia do consumo mundial. Ao mesmo tempo, a economia chinesa abrandou mais do que o esperado devido à Covid-19.
O impacto nos preços dos combustíveis e dos alimentos resultou numa galopante inflação nas maiores economias e isso levou o FMI a apelar aos bancos centrais para apertarem as políticas monetárias já em curso de retirada dos estímulos pós pandemia até se conseguir controlar a atual subida dos preços, numa política que pode a curto prazo prejudicar a carteira de muitas famílias.
A nova tendência monetária pode no entanto agravar ainda mais a situação, devido ao impacto negativo junto das famílias, o que pode provocar revolta social em muitos países, mas também caso a Rússia decida cortar abruptamente o fornecimento de gás à União Europeia e se a pandemia se mantiver a provocar surtos e a motivar confinamentos na China.